sábado, 23 de janeiro de 2010

Quero muito…

… ver esse filme!


Soube de sua existência pelo Labirintos no Sótão. Como nunca tinha ouvido falar dele antes?! Procurando um pouco por informações, dei com esse blog muito interessante. Lendo a resenha, porém, me deparo com a seguinte afirmação:

Animação feita à moda antiga, com massinha em stopmotion, o filme é de uma sensibilidade notável. Não é para crianças, já que lida com temas como solidão, depressão, ansiedade e até suicídio.

Hã? Como assim? Mas os comentários são piores:

[…] O enredo emociona e toca profundamente nos fazendo refletir sobre a vida, os relacionamentos, nossas limitações e superações. Definitivamente não é um filme para crianças.

Estou maravilhada com tamanha sensibilidade.Realmente não é para crianças.Elas não entenderão a infinitude dos sentimentos entre Mary a Max.

Ah, claro! Crianças não tem capacidade suficiente para entender as emoções e sentimentos humanos. Crianças não enfrentam depressão, solidão, ansiedade e muito menos pensam em suicídio. E, definitivamente, crianças não são sensíveis o suficiente para entender a complexidade das relações humanas. Isso tudo é exclusividade de adulto. Afinal, crianças são bobas, sem profundidade e, aparentemente, felizes e despreocupadas.
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Alôo! Essas pessoas já foram crianças?! Quanto pre-conceitos juntos!! As pessoas precisam entender que as crianças são seres inteligentes e sensíveis, que absorvem tudo ao seu redor e são capazes sim de entender e - por que não ? - refletir sobre temas complexos ou considerados “adultos”. A diferença está na forma de entender e expressar o que absorvem. Por exemplo, talvez seja mais difícil para uma criança expressar certos sentimentos em palavras, mas seus atos e comportamento falam por ela. E o que dizer da expressão artística? Quanto podemos interpretar ao observar o desenho de uma criança? Quantos foram os diagnósticos de - vejam só - depressão, ansiedade, solidão e - pasmem - tendências suicidas graças à interpretação de um “simples” desenho? Crianças sofrem e na maioria das vezes sofrem em silêncio, pois não conseguem extravasar seus sentimentos da maneira como nós fazemos.  n3a13d1

Ok, crianças sofrem. Mas não seria melhor poupá-las de temas tão “fortes”? Depende. Certamente, se apresentarmos um tema considerado bem forte, por exemplo, a morte, fazendo-as ver um filme como Jogos Mortais, o resultado será, no mínimo, provocar-lhes pesadelos. Isso porque a mensagem passada pelo filme é que morrer é ruim, doloroso, indesejável e apavorante. Agora, se o tema vier de uma maneira sensível, irá mostrar-lhes que a morte não é um bicho de sete cabeças e, sim, algo natural. O livro O Guarda-chuva do vovô, de Carolina Moreyra e Odilon Moraes (ilustração) é um belo exemplo disso. Nele, a morte se faz presente, mas não é nem mencionada, apenas sugerida. 9788536802466_gE é tão natural que dificilmente irá aterrorizar o leitor. Pode, ao contrário, despertar interesse e curiosidade sobre o assunto. “Mamãe, o vovô vai morrer?”, poderá perguntar. A constatação que um dia seu querido vovô não estará vivo pode lhe causar um baque, uma tristeza, mas será indefinidamente  menor do que se viesse por um filme de terror. 
 
Assim, ser ou não um filme com temas fortes não impede que Mary & Max seja visto por crianças. Tampouco a complexidade do enredo ou a reflexão que ele desperta. Elas vão entender na maneira delas, mas hão de captar a mensagem. E se o filme é, como dizem, de grande sensibilidade, tanto mais apropriado!

Fareis tudo o que seu mestre mandar?:

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